Por que tornar seus funcionários mais felizes traz resultados?
O mundo da gestão está sempre aberto a novas ideias e perspectivas para tornar as empresas mais eficientes e lucrativas. Algumas recomendações têm mérito, mas outras são vistas, tanto dentro quanto fora das empresas, como modismos, tendências passageiras que os gestores suportam até abandoná-las ao buscar a “próxima grande coisa”.
Um anti-modismo de gestão é: para aumentar o desempenho empresarial, eleve a felicidade das pessoas que fazem o trabalho. Pesquisas recentes, incluindo estudos conduzidos por acadêmicos independentes e pelas próprias empresas, mostram que entender o bem-estar e maximizá-lo por meio de práticas gerenciais não só melhora a qualidade de vida dos funcionários — como também aumenta significativamente a produtividade e a lucratividade.
Você pode pensar que essa ideia é tão antiga quanto a humanidade, e estaria certo, mas se fosse tão óbvia e simples de aplicar, todas as empresas já o fariam. Muitos líderes também são céticos quanto a essa afirmação. Claro, uma empresa deve tratar bem seus funcionários, mas o foco principal não deveria ser produtividade e lucro? Como os líderes podem ter certeza de que a felicidade dos funcionários levará ao sucesso do negócio?
Há uma empresa que aponta para respostas: a firma de investimentos Irrational Capital realiza pesquisas sobre a teoria da felicidade-para-o-sucesso. Usando fontes de dados públicas e privadas sobre satisfação dos funcionários, seus pesquisadores descobriram que, em um período de 11 anos até março de 2025, as empresas do S&P 500 que ficaram no top 20% em várias medidas-chave de felicidade dos funcionários superaram (em preço das ações) aquelas 20% do fim da lista em quase seis pontos percentuais. Enquanto isso, o top 20% em recompensas “extrínsecas”, como salários e benefícios, superou as 20 da parte baixa por apenas 2,07%.
Os pesquisadores da Irrational Capital identificaram seis fatores específicos por trás da satisfação dos funcionários. Em ordem de impacto positivo no desempenho da empresa, são:
- Inovação: abertura dos gestores a ideias e contribuições
- Gestão direta: clareza e veracidade na comunicação
- Efetividade organizacional: gestão eficiente e sem burocracia
- Engajamento: liderança que apoia aprendizado e crescimento
- Conexão emocional: cultura que promove amizades entre colegas
- Alinhamento organizacional: correspondência entre missão externa e cultura interna da empresa
Esses seis fatores implicam seis objetivos para gestores que querem aumentar a satisfação dos funcionários e, assim, melhorar o desempenho da empresa. Aqui estão três “Exercícios de Felicidade” para ajudar a colocar esses objetivos em prática.
Procure uma nova forma de resolver um problema incômodo
Líderes tendem a achar que pedir conselho é sinal de fraqueza. Na verdade, isso é o oposto da inovação. Mesmo que as decisões finais sejam deles, é útil reconhecer que não se tem todas as respostas. Recorra à sua equipe sênior para ideias e conselhos. Nesta semana, peça conselho a um funcionário.
– Primeiro, identifique um problema que tem incomodado você.
– Depois, explique a um membro da sua equipe sênior como você está pensando em soluções — mas peça especificamente uma solução diferente e se eles veem algum ponto cego na sua abordagem.
Claro, você pode não resolver o problema até a próxima semana, mas descobrirá uma nova forma de pensar sobre ele. O melhor: se pedir conselho honestamente, você sinalizará ao funcionário que está aberto à inovação — o fator principal da Irrational Capital para funcionários felizes e empresas lucrativas.
Uma parte difícil da gestão direta é agir e falar com total clareza e verdade. Especialmente em tempos de incerteza, os funcionários percebem discursos dúbios e obscuros. Seja sempre verdadeiro e claro sobre o que eles precisam saber para seus trabalhos e carreiras. Eles conseguem lidar com um “não sei o que vai acontecer”, desde que seja a verdade.
Nas últimas semanas, você provavelmente adiou uma conversa difícil com um funcionário. Talvez seja uma conversa disciplinar desconfortável; talvez precise negar um pedido de aumento ou reduzir um bônus; ou discutir as incertezas sobre a continuidade de um projeto, sem respostas concretas. São conversas difíceis que podem gerar decepção e perguntas difíceis, mas evidências mostram que ser direto traz benefícios reais. Esse estilo de gestão direta está fortemente correlacionado com a felicidade dos funcionários: os dados mais recentes da Irrational Capital mostram que grandes empresas que se destacam na gestão direta superam seus concorrentes (em preço das ações) em mais de 7%.
Então, esta semana, pare de evitar essa conversa difícil. Aborde seu funcionário com clareza e verdade, em vez de permanecer em um estado de incerteza silenciosa.
Marque um almoço de equipe… e não compareça
Pesquisas há muito tempo mostram que quem tem amigos no trabalho é mais engajado, produtivo e menos propenso a sair da empresa. Ao ouvir esses dados, muitos líderes agendam encontros obrigatórios e se colocam no centro do ecossistema.
Infelizmente, estudiosos descobriram que passar tempo com o chefe gera mais emoções negativas para os funcionários do que qualquer outra coisa durante o dia normal. (Esses pesquisadores mostraram que o tempo com o chefe provoca mais emoções negativas do que o trajeto para o trabalho ou tarefas domésticas, por exemplo.) Isso não faz de você, chefe, uma pessoa ruim; é da natureza humana não se sentir totalmente confortável perto de alguém que tem poder sobre você.
Esta semana, leve esses dados a sério: agende e pague um almoço de equipe sem pauta. Mas aqui está o detalhe: você não está convidado. Para começar a criar uma cultura orgânica de amizade — e funcionários mais felizes — você deve ajudar a construir o ecossistema e depois sair do caminho.
c.2025 Harvard Business School Publishing Corp. Distributed by New York Times Licensing.



