Heineken adiciona milhões de litros anuais de cerveja na disputa pelo mercado premium
A disputa pelo mercado premium e puro malte de cervejas acabou de ganhar um aditivo. Mais precisamente, um potencial de produção de 500 milhões de litros anuais das marcas Heineken e Amstel está sendo adicionado à capacidade da cervejaria holandesa no Brasil com a inauguração da nova planta industrial em Passos, no interior de Minas Gerais.
Primeiro projeto greenfield — construído do zero — da companhia no Brasil, a fábrica inaugurada oficialmente nesta quinta-feira (6) começa em ritmo de produção reduzido. No primeiro momento, a estimativa é de uma produção de 120 mil latas por hora e entre 45 e 60 mil garrafas retornáveis nos primeiros meses da operação. A partir do meio de 2026, a produção mensal chega ao seu ritmo máximo e, no ano cheio de 2027, a planta de Passos já deve produzir no seu limite.
O investimento de R$ 2,5 bilhões da Heineken é o maior no Brasil nos últimos anos e marca a primeira cervejaria da companhia inaugurada globalmente nos últimos cinco anos. A ideia é atender à crescente demanda por cervejas premium no Brasil, terreno disputado pela holandesa e sua maior concorrente, a Ambev (ABEV3).
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Segundo dados apresentados pela própria companhia, o segmento de cervejas de maior qualidade — e mais caras — aumenta ininterruptamente desde 2011 e hoje representa um quarto de todo o mercado. É onde se localiza a Heineken. Já a marca Amstel, também produzida pela holandesa, entra na categoria chamada de mainstream. Ambas, no entanto, são cervejas puro malte, categoria em que a companhia reivindica ter 62,1% de participação de mercado em volume comercializado.
“Dá mais trabalho produzir cerveja puro malte, exige mais capacidade produtiva”, afirma o diretor da área de novos negócios da Heineken Brasil, Rafael Rizzi. A princípio, a fábrica em Passos deve abastecer os mercados de Minas Gerais, interior de São Paulo, Rio de Janeiro, sul da Bahia e uma pequena parcela de Goiás.
Embora a fábrica em Passos sirva para produzir qualquer outra cerveja da marca, como a Eisenbahn ou a Heineken Zero, a ideia no primeiro momento é que a planta seja dedicada exclusivamente a atender à demanda por cervejas premium e puro malte.
“Existe a flexibilidade, existe a tecnologia, existe a água, existe a localização que é legal, mas o objetivo de Passos hoje é produzir Heineken e Amstel. Isso permite flexibilizar as outras operações que a gente tem no Brasil para poder fazer as outras marcas de menor volume, por exemplo”, aponta o vice-presidente de produção Rodrigo Bressan.
Com 1 milhão de metros quadrados e 200 mil metros de área construída, o projeto do complexo ainda permite a expansão de duas novas plantas, elevando a capacidade de produção em duas ou três vezes. “Aqui, hoje, seria a unidade em que teríamos mais necessidade para expandir, se necessário for. Ela já está adequada para o investimento, então o investimento futuro é menor”, aponta Bressan.
A Heineken calcula ter investido mais de R$ 6 bilhões na expansão da sua produção no Brasil desde 2019 e trata o atual momento como uma consolidação desse ciclo. Há anos, a empresa vem expandindo sua participação de mercado em uma disputa com a gigante brasileira de marcas como Brahma e Original, a Ambev.
Um novo capítulo da concorrência foi marcado pela divulgação de resultados das duas companhias nas últimas semanas: apenas uma semana após a Heineken anunciar uma queda de receita líquida orgânica maior do que 10% no Brasil, com uma retração de cerca de 15% no volume de remessas de cerveja, a Ambev publicou ter ganhado 15% de participação de mercado no segmento premium, onde atua com marcas como Original, família Stella e Corona.
A Heineken afirmou, no entanto, que ganhou participação de mercado “significativa em um mercado que apresentou queda de um dígito alto no trimestre”. A empresa afirmou que as marcas Amstel e Heineken apresentaram queda, mas continuam ganhando share, enquanto a Eisenbahn apresentou forte crescimento no segmento premium acessível.



