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Pela primeira vez, trabalhar menos vale mais do que salário alto, diz estudo


A cultura de trabalho nos EUA está mudando, e funcionários estão cansados de ordens para retorno ao trabalho presencial cinco dias por semana e ligações de seus chefes fora do horário. Desiludidos com a rotina corporativa americana, eles finalmente estão priorizando o equilíbrio entre vida pessoal e profissional — até mais do que um salário alto.

O equilíbrio entre vida pessoal e profissional agora é o fator mais valorizado pelos profissionais em relação ao emprego atual ou futuro, segundo o relatório Workmonitor 2025, da Randstad. Cerca de 83% das pessoas o listam como a consideração mais importante — junto à segurança no emprego —, enquanto o salário aparece em terceiro lugar, com 82%. Esta é a primeira vez, desde o primeiro estudo Workmonitor há 22 anos, que o equilíbrio supera o salário como incentivo.

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“A busca dos trabalhadores por ambientes que se adaptem a eles, e não o contrário, continua sendo um grande motivador”, afirma o relatório. “Suas expectativas se tornaram mais multifacetadas, com aspectos tradicionalmente valorizados no ambiente de trabalho cedendo espaço a prioridades mais amplas.”

Geração Z lidera a valorização do equilíbrio sobre o salário

Como esperado, os jovens estão à frente dessa mudança na expectativa em relação aos empregadores.

A diferença de importância entre flexibilidade e remuneração é mais acentuada na Geração Z, segundo o relatório. Cerca de 74% classificam o equilíbrio entre vida pessoal e profissional como prioridade, contra apenas 68% que colocam o salário em primeiro lugar.

A geração mais jovem também coloca saúde mental (70%) acima de salários atraentes — é uma forma de assegurar que se sintam satisfeitos ao ir para o trabalho todos os dias..

Eles também valorizam mais os modelos remoto e híbrido do que o salário: cerca de 40% dos Gen Z e millennials aceitariam redução salarial em troca de mais flexibilidade de local de trabalho, segundo um relatório do LinkedIn de 2025.

Isso faz parte de uma tendência maior entre jovens profissionais, chamada de “minimalismo de carreira”, enquanto preservam energia para ambições pessoais fora do expediente.

Mas trabalhadores mais velhos também defendem agendas sustentáveis. O relatório mostra que a importância do equilíbrio e do salário cresce com a idade: 85% dos baby boomers consideram o equilíbrio como prioridade e 87% apontam o salário como fator relevante. Muitos valorizam o equilíbrio, mas não abandonaram completamente a ideia de que o “dinheiro é o rei”.

Trabalhadores querem flexibilidade — mas CEOs dizem que é um sonho distante

Funcionários tanto da base quanto do topo corporativo concordam: equilíbrio é essencial ao considerar um emprego. Contudo, CEOs divergem fortemente sobre se é possível ser ambicioso e se desconectar em um horário razoável.

Marc Randolph, cofundador da Netflix, é um dos poucos empreendedores extremamente bem-sucedidos que defendem limites claros entre vida pessoal e profissional.

Ele seguiu uma regra simples ao longo de sua carreira de três décadas: todas as terças-feiras saia do escritório às 17h e não trabalhava mais naquele dia. Ia ao cinema, jantava ou passeava com um amigo — e “nada atrapalhava isso”.

“Trabalhei duro minha vida inteira para manter minha vida equilibrada com meu trabalho”, escreveu ele em um antigo post no LinkedIn que voltou a circular. “Essas noites de terça me mantiveram são. Elas colocavam todo o resto em perspectiva.”

Surpreendentemente para os padrões de Wall Street, o CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, também incentiva jovens profissionais a se afastarem do trabalho — pelo bem da saúde mental e dos relacionamentos.

“Você precisa ter equilíbrio entre vida e trabalho”, disse Dimon a estudantes da Universidade Georgetown no ano passado.

“Dizemos às pessoas no JPMorgan que precisam cuidar da mente, do corpo, do espírito, da alma, dos amigos, da saúde. Você realmente precisa disso.”

Há muitos CEOs e empreendedores que discordam profundamente do conceito de equilíbrio entre vida e trabalho. Sergey Brin, cofundador do Google, e Lucy Guo, da Scale AI, criticaram publicamente a ideia de cumprir expediente de 9h às 17h.

Andrew Feldman, cofundador e CEO da fabricante de chips de IA Cerebras, avaliou como absurdo que as pessoas queiram “os dois lados”.

“Essa ideia de que alguém pode alcançar grandeza, construir algo extraordinário trabalhando 38 horas por semana e tendo equilíbrio entre vida e trabalho é inacreditável para mim”, afirmou no podcast 20VC no mês passado. “Isso nunca foi verdade em nenhuma área da vida.”

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