Chuvas melhoram perspectivas para a safra de café, e preços caem


A incidência de chuvas no Brasil melhorou as perspectivas para a próxima safra do café brasileiro. Com a expectativa de mais produtividade no maior produtor e exportador da commodity, o preço do arábica — o tipo mais consumido nos grandes mercados consumidores — caiu para o menor valor em um mês nesta terça-feira (23) na Bolsa de Nova York.

Na última segunda-feira (22), choveu no Sudeste, a principal área produtora de café arábica no Brasil, e mais chuvas são esperadas na região no restante da semana. Também há previsão de precipitações consistentes a partir da segunda semana de outubro.

A recente incidência de precipitações e a previsão de mais chuvas no período da florada do café, que costuma ocorrer no início da primavera, nos meses de setembro e outubro, é um indicativo positivo — e decisivo — para a produtividade da safra 2025/26.

E uma safra boa é vista como um remédio para a recuperação dos estoques globais, hoje em níveis historicamente baixos graças a problemas climáticos que abalaram as últimas quatro safras no Brasil e em outros países produtores, como a Colômbia.

Em entrevista ao The AgriBiz na última semana, Gustavo Foz, fundador da Culttivo, afirmou que se a próxima safra passar ilesa do clima, “provavelmente terá uma produtividade grande e vai ajudar a recompor o déficit mundial de estoques”.

Fernando Maximiliano, Coffee Market Intelligence Manager da StoneX, endossou a ideia de um passivo nos estoques, e afirmou que era decisivo chover nas próximas seis semanas — incluindo esta — para uma boa florada.

“O desenvolvimento até aqui foi bom, mas é uma etapa crítica. Se frustrar, mesmo que o tempo melhore depois, a perda é irreversível”, afirmou.

Chuva se consolida a partir de outubro

Na segunda-feira (22), choveu abundantemente no Centro-Sul, segundo Marco Antonio dos Santos, agrometeorologista da Rural Clima. “Não choveu o suficiente no interior paulista, mas a frente fria avançou, e os volumes foram intensos em algumas regiões”, completou.

Segundo ele, a previsão para esta terça e quarta-feira é de que as chuvas ganhem intensidade nas regiões cafeicultoras, chegando ao interior de São Paulo.

Com isso, a cotação do café caiu em Nova York. Os contratos futuros para dezembro registraram queda de 4,1% na comparação com o último fechamento antes das chuvas, na sexta-feira (19), chegando ao menor valor em um mês.

A precipitação deve continuar ao longo da semana, diz Santos, da Rural Clima. “No começo da próxima semana, uma nova frente fria avança pelo Rio Grande do Sul, aos poucos subindo e ganhando intensidade. Na virada do mês, a previsão é de mais chuvas em todo o Centro-Sul.”

Segundo o agrometeorologista, a tendência é que na primeira semana de outubro as chuvas se regularizem. “A expectativa é que o regime de chuvas se instale definitivamente da segunda semana de outubro em diante”, afirma.

Esse é um indicativo importante para os produtores que estão aguardando as precipitações para fazer o plantio: “Quem recebeu bons volumes de chuvas nas últimas 72h e está com o solo estruturado pode continuar plantando. E quem não recebeu, espera um pouquinho porque as chuvas vêm chegando”.

Uma luz no fim do túnel

Além das chuvas no Brasil, o mercado de café acompanhou com atenção uma aparente trégua nas relações comerciais entre o País e os Estados Unidos.

Durante seu pronunciamento na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que conversou brevemente com o presidente Luiz Inacio Lula da Silva e que teve uma “química excelente” com o mandatário brasileiro.

Trump disse ainda que irá se encontrar com Lula na próxima semana, gerando expectativa por um acordo comercial que amenize parcial ou totalmente a sobretaxa de 50% anunciada pelos americanos sobre todas as importações do Brasil.

Até aqui, o café não foi incluído pelo governo americano na lista de isenções. A taxação já reduziu as exportações do País para os EUA em agosto e pode acabar com a competitividade do café brasileiro — os americanos compraram 16% do café exportado pelo Brasil na safra 2024/25, segundo o Cecafé, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil.

Conteúdo produzido por The AgriBiz.



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