Armor Capital reduz a aposta em ‘kit Brasil’ diante de visão sobre risco eleitoral
Bloomberg — A gestora Armor Capital reduziu as posições no chamado “kit Brasil” — o pacote clássico de apostas otimistas sobre o país — depois do anúncio da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro, escolhido do pai para concorrer nas eleições de 2026.
A alocação da gestora nos ativos brasileiros era sustentada pela expectativa de avanço do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, nas pesquisas eleitorais, segundo o CEO Alfredo Menezes.
O apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro ao seu filho frustrou as esperanças de investidores que apostavam em Tarcísio para concorrer com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Estávamos comprados no ‘kit Brasil’ e diminuímos um pouco”, disse Menezes em entrevista à Bloomberg News em São Paulo.
“Estamos em um mercado de volatilidade, nossa estratégia é operar muito mais curto prazo do que manter posições, diante de um cenário de médio prazo sem definição política.”
O principal fundo multimercado da Armor, o Armor Axe, acumulava ganho de 14,19% no ano até agora (ou 104% do CDI), enquanto o índice de hedge funds da Anbima (IHFA) avançava 14,82%.
Gestores locais vinham reforçando posições na combinação de apostas na queda dos juros e na valorização do câmbio e da bolsa, muitos estando comprados nos ativos domésticos em níveis historicamente elevados.
Os ativos brasileiros despencaram em 5 de dezembro depois do anúncio do senador Flávio Bolsonaro como pré-candidato, considerado por investidores como menos apto do que Tarcísio para concorrer com a esquerda.
Na ocasião, o dólar subiu mais de 2%, colocando o real atrás de todos os outros pares de mercados emergentes, enquanto a bolsa afundou 4% e fechou na maior queda desde 2021. Desde então, os ativos acumulam perdas.
Pesquisa Genial/Quaest mostrou na terça-feira (16) que o presidente Lula venceria o primeiro turno com 41% dos votos, enquanto Flávio Bolsonaro teria 23% e Tarcísio de Freitas teria 10%, em um cenário com os três nomes como candidatos. Ainda segundo a pesquisa, 62% disseram que não votariam em Flávio Bolsonaro à presidência.
O mercado financeiro brasileiro já virou “80% processo de eleição”, mesmo faltando ainda quase um ano até a ida às urnas, enquanto o cenário externo tem perdido um pouco o poder de influenciar os ativos domésticos, segundo Menezes.
Uma potencial desistência de Flávio Bolsonaro poderia fazer o mercado melhorar no curto prazo, segundo Menezes. Mas até a definição formal dos candidatos em abril, as pesquisas eleitorais devem continuar movendo os ativos, disse o gestor.
A Armor Capital, que detém R$ 1,6 bilhão sob gestão, possui posições em NTN-B e ações de bancos nos Estados Unidos e no Brasil. Em moedas, está com posição vendida no euro — ganhando com a queda — e tem viés para ficar vendida no real contra o dólar.
— Com informações adicionais da Bloomberg Línea sobre o desempenho do fundo da Armor.
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