Estudo da Embrapa mapeia tecnologias para a pecuária

Um novo estudo da Embrapa mapeia tecnologias para a pecuária brasileira, mostrando que o setor já conta com um amplo portfólio de empresas conhecidas como PecTechs, as Agtechs focadas no mercado pecuário, capazes de aumentar a produtividade, melhorar a gestão da propriedade, otimizar o uso de recursos e reduzir impactos ambientais e riscos de mercado.
A análise faz parte da publicação “Estudo de caracterização de agtechs com atuação no setor de pecuária”, disponível gratuitamente, e traça um panorama sobre o perfil dessas empresas, os tipos de tecnologias ofertadas, além dos principais desafios e tendências para o segmento pecuário nacional.
Segundo a pesquisadora Claudia De Mori, da Embrapa Pecuária Sudeste, que coordenou o trabalho, a transformação digital vem redefinindo os sistemas de produção no campo.
“As PecTechs oferecem soluções cada vez mais customizadas, alinhadas à realidade e às necessidades da pecuária brasileira”, destaca.
Apesar do avanço, ela ressalta que as startups ainda enfrentam obstáculos importantes, especialmente relacionados à inserção no mercado, definição de modelos de venda escaláveis, ampliação da base de clientes e concorrência.
O estudo foi realizado pela Embrapa Pecuária Sudeste, Embrapa Agricultura Digital e pela Diretoria de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia da Embrapa, com base nos dados do Radar Agtech Brasil 2023. Ao todo, foram analisadas 100 Agtechs com atuação no setor pecuário, sendo que 54% estão localizadas na região Sudeste e 35% no Sul do país.
A maior parte das soluções está concentrada no segmento “Dentro da Porteira”, que representa 79% das categorias mapeadas. Nesse grupo, predominam plataformas de integração e sistemas de gestão zootécnica, econômica e financeira, acessíveis por meio de softwares e aplicativos. Também ganham espaço as tecnologias de monitoramento e sensoriamento, utilizadas para acompanhar desempenho produtivo, saúde e bem-estar animal.
Já no segmento “Antes da Porteira”, o destaque são as soluções voltadas a crédito rural, seguros, permutas e créditos de carbono, com apoio de ferramentas digitais de análise e controle. No “Depois da Porteira”, sobressaem as tecnologias de rastreabilidade, fundamentais para atender exigências de mercado e agregar valor aos produtos de origem animal.
Tendências para o futuro da pecuária digital
De acordo com o levantamento, o futuro das PecTechs está diretamente ligado à digitalização do setor e à busca por sustentabilidade. As startups apostam no uso de Inteligência Artificial (IA), automação, Internet das Coisas (IoT) e blockchain para ampliar a eficiência, reduzir custos e melhorar a tomada de decisão no campo.
Para que essas inovações cheguem de forma efetiva ao produtor rural, a pesquisadora destaca que será fundamental superar barreiras culturais e financeiras, ampliando o acesso às tecnologias e fortalecendo a conexão entre startups e pecuaristas.



