Na Bemobi, CEO aposta no setor de saúde para manter expansão após subir 78% na bolsa
Bloomberg Línea — A Bemobi aposta no setor de saúde para manter sua trajetória de crescimento depois de a empresa de tecnologia brasileira ter fechado um contrato com a Hapvida, sua primeira cliente do segmento.
De acordo com o CEO Pedro Ripper, a chegada da Hapvida é “simbólica” e abre uma nova frente de expansão de receitas, uma vez que o grupo de saúde suplementar atende 16 milhões de beneficiários e processa anualmente mais de R$ 28 bilhões em pagamentos, segundo a companhia.
“Nós tínhamos uma hipótese de que vários outros segmentos de serviços essenciais poderiam ter demanda para as nossas soluções de pagamento. Mas ainda não havíamos testado essa hipótese para o setor de seguro de saúde”, disse o CEO em entrevista recente à Bloomberg Línea.
“A Hapvida, além de ser um cliente e um parceiro muito importante pela escala que tem, me ajuda a desbravar um novo setor que é muito grande.”
Segundo o CEO, isso pode ajudar a Bemobi a se consolidar como uma provedora de serviços de pagamentos digitais para contas recorrentes, como energia, água, banda larga, mensalidades de escolas e faculdades, entre outros, em substituição aos tradicionais boletos.
Ripper disse que a estratégia da Bemobi é divida em três partes: buscar como cliente uma grande empresa líder de um setor – como telecom, energia, educação e saneamento; provar a tese de que os serviços da Bemobi podem ser úteis para aquele segmento; e, por fim, prospectar novos clientes da mesma área de atuação para crescer.
Foi assim que ocorreu com empresas como Vivo, Equatorial, Yduqs e Sabesp, que se tornaram clientes nos últimos anos e abriram caminho para o crescimento nas áreas de telecom, energia, educação e saneamento, respectivamente.
A estratégia possibilitou a Bemobi alcançar um crescimento anual da receita líquida de 19,6% nos primeiros nove meses de 2025, para R$ 529,6 milhões.
O lucro líquido ajustado no mesmo período avançou 43,6%, para R$ 120,5 milhões.
As ações da empresa (BMOB3) se valorizaram 77,73% no ano até o dia 18 de dezembro. No ano, a empresa é uma das que mais avançaram entre os papéis do índice Small Caps, da B3.
Agora a empresa espera fazer o mesmo no segmento de planos de saúde. De acordo com o CEO, a expectativa é que o contrato da Hapvida comece a gerar receitas no segundo trimestre do ano que vem. Enquanto isso, a Bemobi tem conversado com outras empresas do setor, para começar a prospectá-las.
“É um setor muito grande no Brasil e que a gente está bem empolgado que a gente vai poder ajudar um pouco nessa experiência entre essas empresas e os clientes finais delas”, afirmou.
Enquanto isso, a Bemobi avança também com empresas nos setores em que já atua. No segmento de telecom, por exemplo, a empresa também fechou contrato com a Vero, provedora de banda larga com 1,4 milhão de assinantes que atua em 425 cidades de nove estados e mais o Distrito Federal.
A expectativa do CEO é que a frente de pagamentos digitais, combinada à oferta de software as a service (SaaS), seja responsável por 80% a 90% do crescimento da Bemobi daqui para frente.
“Essa área acabou arrastando o crescimento inteiro da empresa pra cima. Apesar de todas as áreas crescerem mais de 10%, a frente de pagamentos cresceu 40% em um ano, e foi o motor que puxou o crescimento neste semestre e tem puxado nos últimos”, afirmou Ripper.
A visão do CEO se baseia na ideia de que há uma mudança de comportamento e de tecnologia que influencia a forma como as pessoas pagam suas contas recorrentes.
Em vez do tradicional boleto, as empresas passam a oferecer novas opções de pagamentos, como Pix, cartão de crédito, carteiras digitais ou usando o próprio aplicativo – da mesma maneira como ocorre quando um consumidor faz uma compra em uma varejista pelo celular.
Para as empresas que usam o boleto, os novos meios de pagamento permitem oferecer mais comodidade e geram economia, segundo o CEO.
Foi nesse espaço que a Bemobi decidiu focar e agora tem buscado expandir sua atuação. Ao todo, a empresa processou R$ 2,9 bilhões em volume financeiro de pagamentos (TPV) no terceiro trimestre, um aumento de 40% sobre o mesmo período do ano passado.
“À medida que o consumidor vai para essas plataformas digitais e deixa de pagar o boleto dele no banco, na lotérica etc., ele passa a ser um cliente endereçável para gente”, afirmou o CEO.
Pagamento de dividendos
Com o crescimento, a empresa ampliou sua política de pagamento de dividendos no último ano e, nesta semana, elevou para R$ 222,7 milhões o total de proventos a serem distribuídos em 2025.
Isso ocorre após aprovação de R$ 134,2 milhões adicionais em juros sobre capital próprio e dividendos, conforme fato relevante divulgado em 8 de dezembro.
Os valores adicionais incluem R$ 42,2 milhões em JCP e R$ 92 milhões em dividendos, provenientes tanto do lucro de 2025 quanto da reversão de reservas. O pagamento ocorrerá em 22 de dezembro, com direito assegurado aos investidores posicionados até 11 de dezembro.
O novo montante equivale a R$ 1,59 por ação e representa 6,1% do valor de mercado da companhia na data-base, com a administração indicando ainda a possibilidade de distribuir até 100% do lucro líquido do ano, dependendo da disponibilidade de caixa.
Para Ripper, é possível manter uma política agressiva de pagar 100% de dividendos e ainda manter dinheiro em caixa para manter a operação e realizar possíveis fusões e aquisições.
“Continuamos enxergando oportunidades de fazer novas aquisições de empresas e, por isso, até reservamos um balanço talvez um pouco maior do que se não tivéssemos essa missão.”
“Mas, como o negócio tem sido bem rentável e tem crescido, nos sentimos confortáveis de fazer um pagamento de dividendos mais agressivo”, afirmou ele, antes da divulgação do novo valor dos dividendos.
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